Eu sei que parece um pouco demodê, meio anos 2000, mas agora eu tenho (voltei a ter) um blog. Só não é mais demodê que a palavra demodê.
Blog é aquele negócio que transforma vendedores de seguro em jornalistas, universitárias com tempo de sobra em editoras moda, advogados em críticos de vinho e este publicitário/cineasta inimigo das regras gramaticais em cronista.
Não deixa de ser um atitude egocêntrica como no Facebook e Twitter onde nos achamos únicos e especiais por fazer comentários brilhantes sobre tudo e todos, só que com mais toques.
Mas o que me me levou a voltar para o avô das redes sociais é justamente a disponibilidade de toques. Poder escrever e escrever, livre dos quadradinhos e retângulos que nos intimam a limitar nossos textos na internet. Ter liberdade para ser um falso jornalista, editor de moda crítico de vinho, especialista em arte húngara, historiador das Ilhas Faroe ou coisa parecida. É a sensação de imortalidade que ganhamos ao ter um texto no espaço digital, na nuvem, no etéreo, no virtual e eterno. É me elevar através de uma arte que nunca sairia da gaveta nos tempos pré-blog.
É a sensação de ser lido sabendo que isso, muito raramente, deve acontecer.