REFORMA DE POBRE

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Lá em São Bernardo, na minha infância, funcionava assim: Quando alguém queria mudar o visual da casa e não tinha dinheiro para uma nova decoração ou uma reforma propriamente dita, mudava os móveis de lugar. Colocava a estante no lugar da TV, as poltronas onde era a mesa de jantar e assim por diante. Comprava um tecido e jogava desleixadamente sobre o sofá e estava feito. Uma tarde de esforço da dona de casa e tínhamos uma sala novinha em folha.

O marido sempre era pego de surpresa. Chegava a noite  em casa e não sabia onde sentar, não encontrava o controle remoto, mas aceitava as mudanças apesar de alguns tropeços na primeira semana.

Penso que essa tática das donas de casa bernardenses dos anos 70 virou moda na indústria tecnológica contemporânea.

Tudo começou com a Microsoft. Desde o primeiro “Office”,  nós, pobres mortais, usamos sempre as mesmas funções: Salvar, centralizar, copiar, colar… Mas a cada versão os botões mudam de cara e lugar. Sempre que havia uma atualização, como maridos desatentos, tropeçávamos até a aprender novamente as disposição da tal “interface”. Passamos horas de nossas vidas adivinhando as novas localizações do botão de negrito.

Agora, outras grandes empresas inovadoras aprenderam a lição. É só mudar as coisas de lugar e  fica tudo novo. O Facebook acabou de fazê-lo em seu aplicativo e a Apple se mostrou uma digna bernardense em seu novo IOS 7.0. Alguns fãs defendem com entusiasmo:

_Você viu que tem um atalho novo para o Bluethooth?

_ Sim, claro, e isso muda toda a experiência. – Responderia o senhor gerente de marketing na conferência transmitida ao vivo pelo Youtube.

Eu do meu canto, sonho em ver dona Beatriz assumindo a presidência de uma dessas empresas, adornada em seu avental bordado e com de luvas de plástico em riste, para encher de criatividade os escritórios envidraçados do vale do silício.

2 comentários

  1. Lúcio, essas mudanças na interface gráfica dos aplicativos não são feitas ao acaso e sim baseadas em estudos de usabilidade. A usabilidade pode ser entendida como um atributo de qualidade de uma interface gráfica (quão fácil é utilizar). Existe até um campo de estudo chamado Engenharia de Usabilidade. Empresas como a Microsoft, Apple, Google e outras gigantes investem muita grana em estudos de usabilidade de seus aplicativos. Fazendo uma analogia ao exemplo que você deu, um exemplo de boa usabilidade para o marido seria a esposa posicionar o controle remoto bem ao lado da cerveja gelada.

    Abs,
    Fernando

    1. Oi Fê, longe mim querer tratar um assunto desses com a seriedade que ele merece. Meu negócio aqui é mais dar olhar diferente ou um ponto de vista engraçado. Acho que tudo fica melhor do lado da cerveja. Valeu a visita!

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