Não existe situação ruim sem um culpado. Se não há culpado, então precisamos encontrar alguém para atribuir a culpa. Qualquer um desde que o peso da responsabilidade pelo deu errado não caia sobre nossas cabeças.
E fomos nós os judeus, que inventamos o método. Já faz 3.000 anos que o bode pagou o pato. Expiou nosso pecados e ficou famoso.
3.000 anos depois quem está em crise é o São Paulo, meu time de coração que herdou o nome de um judeu que deixou de ser judeu há uns 2.000 anos. Mas isso não vem ao caso. Meu time está em crise e precisa de um culpado.
Os torcedores apontam o dedo em todas as direções loucos para acertar alguém e certos nomes são mais óbvios:
Juvenal Juvêncio – O mentor de tudo, que toma uísque enquanto decide as contratações, que troca de técnico antes que gelo derreta no copo e solta bravatas tão engraçadas quanto arrogantes.
Rogério Ceni: O Inimigo número um dos nossos inimigos. Eles adoram culpá-lo, se bem que já faziam isso quando o time ganhava tudo. Hoje é culpado por perder pênaltis.
Luis Fabiano: É a estrela do ataque, não está bem, então porque poupá-lo?
Se olharmos do ponto de vista veterinário, poderíamos dizer que o Ganso deveria ser o bode a pagar o pato.
E assim se sucedem jogadores, dirigentes, árbitros e quem aparecer pela frente.
Pois bem, eu, este que escreve, contrariando uma tradição que começou com meu povo a três mil anos e se propagou especialmente no mundo corporativo contemporâneo assumo a culpa exclusiva pela situação do meu time tão querido. Sim, fui eu, podem atirar pedras, me entrego de joelhos ao julgamento público.
Explico.
Toda vez que paro em frente a um televisor para tentar ver um jogo do São Paulo, o time perde. Tem sido assim nos últimos 5 ou 6 meses (não por coincidência, o tempo da crise). Nossas poucas vitórias aconteceram nos dias em que, por impossibilidade ou medo, larguei mão de ver a partida. Já fiz os testes é assim que funciona. 100% de acerto.
Pois para alegria dos meus companheiros torcedores, anuncio que este ano não vejo mais os jogos e poupo todos e a mim mesmo do sofrimento. Adversários se preparem, agora nada segurará o Tricolor.