Brasileiros e brasileiras

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O Brasil já não é mais o país do futebol desde que os times mineiros pegaram a bola e não dividem com mais ninguém. Sem assunto depois desta triste descoberta, o brasileiro decidiu que política era o centro da suas preocupações. Foi às ruas, reivindicou, pediu hospitais padrão FIFA e soltou o verbo nas redes sociais.

Por meses observei os tipos e as demandas destes eleitores indignados e construí uma lista de personagens que ilustram bem a visão política deste país dividido:

Celso Pereira: Petista quarentão, continua sonhando com a vitória de Cuba sobre os EUA, apesar de fazer planos para financiar uma SUV com o salário o que ganha da repartição. Para ele Joaquim Barbosa é um Espião da CIA que a Folha deu um jeito de colocar no Tribunal. Celso defende que o mensalão foi criado pela imprensa para desviar a atenção do caso Alstom.

Plínio Monteiro Aranha: Economista, ajuda o pai a administrar algumas franquias de lanchonetes em shopping centers. Participou de uma manifestação que passou em frente ao seu escritório e gritava com vontade: _”Sem Partido! Sem Partido!”. Vê o PT como uma associação de sindicalistas demoníacos adestrados pelo Fidel Castro . Plínio defende prisão perpétua para Dirceu e Genoíno, embora não tenha paciência para entender a história do mensalão  e não saiba direito como foi o o esquema de corrupção.

Janaína Leite: Prestes a se formar em direito e já estudando para a magistratura, Janaína sente que faz parte integrante do processo político ao escrever em seu blog e participar de algumas reuniões no diretório da faculdade. Ela sabe que que o capital e as grandes corporações estão por trás de todos os problemas da nação e isso inclui a deterioração moral dos partidos de esquerda. Jana participou de várias manifestações, tirou fotos da violência policial e ocultou fotos das provocações dos manifestantes.

Eustáquio Magalhães: Seu Estáquio é morador da Vila Maria desde os tempos em que nadava no rio Tietê. Já votou no Jânio (em 60 e 85) , no Antônio Ermírio, no Quércia, no Fleury, no Collor e no Pitta, mas ele gosta mesmo é do Maluf. Agora, de alto dos seus 80 anos, é fã do Serra e está feliz porque finalmente prenderam alguns dos vagabundos que roubam o país. Seu maior sonho é a aprovação da pena de morte.

Boca: Prefere não usar o nome Ricardo Corazza e sim o apelido que ganhou na faculdade. Abandonou a mansão dos pais em Vitória para dividir um apartamento no Flamengo com alguns amigos que se formaram com ele. Todos recebem mesadas dos pais e usam o tempo para discutir softwares livres e criar novos formatos de jornalismo. A idéia é fazer uma coisa sem a manipulação do capital, bem livre, onde todos são repórteres e todos editam. Ele queria muito tomar borrachada da polícia para se sentir em 1968, mas ainda não conseguiu.

Jandir Freitas: Nunca leu uma matéria de jornal que não fosse do caderno de esportes e o lugar onde discute suas convicções políticas é a academia. Vive alardeando o problema da incapacidade dos nossos aeroportos na época da Copa, embora só tenha entrado em um avião duas ou três vezes. Está feliz com a prisão dos mensaleiros e adora falar mal do PT. Sua grande preocupação cívica atual é o alto valor dos impostos que tornam nossos carros muito mais caros que nos EUA.

Estes são apenas alguns. Creio que como estes, existem outros para alegrar as nossas redes sociais com mensagens cívicas e construtivas.

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