Me chamem de piegas e eu chorarei de emoção.
Preciso avisar aos leitores que este texto não terá a arrogância pseudo-intelectual dos meus outros. Não me levem a mal, apenas resolvi abrir meu coração.
Sou daqueles que pega o violão numa noite solitária para tocar “Moça” do Wando ou “O que é que há” do Fábio Júnior.
Sou daqueles que continua precisando de lenços para rever o Dumbo. Aliás, prefiro nem falar do Rei Leão senão sou capaz de deitar no chão em posição fetal com o polegar na boca e perder o resto do dia.
Sim, eu gosto dos clipes com os atores se abraçando nos finais das novelas ou dos filmes românticos dos anos 50 em que as moças pareciam asmáticas de tanto suspirar.
Resumindo, o amor me emociona. Há coisa mais inexplicável do que ele? Nos une a estranhos, nos faz solidários a dor alheia. Amamos quem convive conosco, amamos pessoas distantes, amamos animais de estimação e não encontramos razão e lógica para isso.
Nada mais espontâneo do que o prazer de estar na companhia de um velho amigo. Porém o que faz com que filtremos as pessoas do nosso convívio de forma que uns nos tragam esse prazer e outros não? Não me venham com respostas racionais, falo dessa coisa sem sentido que aproxima corintianos de palmeirenses, carnívoros de vegetarianos, aristotélicos de platônicos, Tucanos de Petistas. Ops, será que exagerei?
Pois é, consultando minhas grandes fontes de entendimento do mundo, as redes sociais, vejo que esse tal de amor anda meio em baixa ultimamente. E não falo de terras distantes onde se cortam cabeças e queimam livros. Falo daqui, do nosso Brasil dividido entre petralhas e coxinhas.
Não há mais discursos. Ouço gritos de raiva, textos em caixa alta e dedos apontados. A defesa de cada um é o ataque ao outro:
_ Por que votei no Aécio? Porque o PT blábláblá blá!!!!!
_ Por que votei na Dilma? Por que nos tempos do FHC bláblábláblá!!!
Os comentários de qualquer postagem tem tudo, menos amor. Idem para os discursos de governo e oposição.
Além disso, agora surgiram uns fanáticos religiosos na política que pregam o ódio e pedem a decapitação de gays ou opositores, criando uma espécie de Isis tupiniquim.
Afinal, queremos construir algo ou simplesmente destruir o outro e provar para todos que estávamos certos desde o começo?
Eu gostaria de imitar as torcidas de Grêmio e Internacional e unir a todos numa mesma arquibancada, um do ladinho do outro. Cada um torce para quem quiser mas sem palavrões e golpes baixos. Iria ainda mais longe, substituiria o hino nacional por “We are the World” de forma que pudéssemos cantar todos abraçados num lindo coral. Juntaria o MPL, os caminhoneiros, os black blocs, os articulistas da Veja, o Lobão e o Luis Nassif nessa arquibancada para terminar a canção com todos de braços dados, o amor conquistando novamente os corações e eu, como era de se esperar, banhado pelas lágrimas ou em posição fetal no chão da sala.
We are the World Lúcio…e estamos ficando experientes! Muito amor para você!