Poesia, de pai para filha

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Quando eu tinha 12 anos fiz esse poema para a escola:

 

O Duelo

 

Tirei minha espada, olhei para o céu 

Começa o Duelo, duelo cruel

 

E vendo sentada, de arquibancada,

a morte

 Ali o Eterno, esperando alguém

pra levar para o inferno

 

Dei um golpe no ouvido e ainda duvido

Como ele ficou apenas ferido

 

Tirou minha espada num golpe audaz

Jogou-a para longe, deixou-me incapaz

 

Termina o duelo e dois machões 

dormem ao lado em seus caixões

 

Era um texto pueril, dava pra perceber que eu me esmerava em escrever porém minhas preocupações eram fantasiosas e superficiais.

Lembrei deste texto ao ler uma poesia escrita pela minha filha de 10 anos (espero que ela não se ofenda pela reprodução sem pagamento de royalties). Foi feita para a escola e o tema eram os contos de fadas:

 

Caminho para a Liberdade

 

Quando você for caminhar

Menina do vestido vermelho como o fogo

Lembre-se do conselho que vou te dar

 

Quando estiver assustada 

Com medo e se sentindo assombrada

Menina que caminha pela floresta

não tente ficar parada

 

Quando estiver em um momento

Que se resume apenas em sofrimento

Menina do rosto sorridente 

Saiba que estará sempre em meu pensamento

 

E quando decidir no fundo do teu coração

que não precisa mais segurar minha mão

nem ouvir os meus tantos conselhos 

inimiga de lobos traiçoeiros

saiba que não terei receios.

 

O poema me emocionou. Minha filha aos 10 anos mostrou profundidade e maturidade que eu estava longe de alcançar aos 12. Isso para não falar da qualidade do texto em si.

Eu me coloquei no lugar do narrador dos versos dela e a vi como essa chapeuzinho valente que caminha clamando por liberdade.

Ela pertence a uma nova geração, mais avançada que a nossa. Creio que ser superado pelos filhos é o sonho de todo pai. Sinto que isso vai acontecer.

Será que sou corajoso como esse personagem ou como o espadachim que sonhei ser na infância? Em breve chegará o dia em que ela largará minha mão e não ouvirá mais os meus conselhos. Sei que desbravará inúmeras florestas e que estará em meu pensamento. Como não ter receios?

 

 

 

12 comentários

  1. Tua poesia aos 12 anos mostrava a cabeça de um menino que sonha…
    A da tua filha, parece saber observar a vida e dela tirar lições pra seguir. Lidas as duas! abraços, chica

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