O lado ruim do esporte

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Minha participação nas olimpíadas da escola

Não há como falar mal das olimpíadas, não é mesmo? Esse desfile de corpos perfeitos, habilidades galáticas, ganas de vencer, show de transmissão e imagens. Um espetáculo que paralisa o planeta.

Porém, aqui nos recantos perdidos do grande ABC, há um cronista que encontra questões existenciais e que não consegue se entregar totalmente à alegria compartilhada por todos.

Vamos ao que me incomoda no maior evento do esporte no sistema solar:

1 – A obsessão por vitórias.

Não sou medalha de ouro em nada nessa vida. Sou um sujeito comum em qualquer ângulo que se observe e assim também são meus amigos. Ninguém no meu círculo seria destaque mundial nem em arremesso de catota. Meu blog não bate recordes de leitores (isso, você é um dos poucos), sempre fui medíocre nos esportes, toco baixo há 30 anos e não sei uma escala além da pentatônica.

Ainda assim, meus amigos, meus camaradinhas me respeitam e eu os respeito. Que catzo faz com que pessoas deixem de admirar alguém por ser sétimo ou vigésimo terceiro no mundo?

Prefiro celebrar o sujeito que faz um churrasco decente mesmo usando carne Friboi ou a amiga que arranca aplausos da torcida no Karaokê da Liberdade.

2 – O nacionalismo

Viva o Brasil, temos um compadre que sabe saltar com a vara. Viva a Jamaica, eles estão na merda mas correm prá burro. Vamos bater no peito e mostrar o orgulho da nação. Vamos olhar a tabela para ver quem são os países em situação pior que a nossa.

Torço pelo Brasil como diversão mas não bato no peito nem grito o nome da pátria e também não faria isso se fosse americano, cubano ou vietnamita.

Sou o hiponga sonhador que acredita na letra de John Lennon – Imagine theres´s no countries. Vibro com o Brasil, com o Canadá, com a Malásia e o Cazaquistão. Somos um único mundinho e quanto menos as fronteiras nos separarem melhor.

3 – O uso político

Símbolos de vigor e vitórias, os atletas viram, mesmo que não queiram, peças nos jogos ideológicos.

Hitler queria usar as olimpíadas para provar a supremacia ariana em Berlim, 1936. Houve um momento que a guerra fria era travada nas pistas de atletismo e piscinas.

Hoje, no Brasil, as redes sociais são inundadas por mensagens que ligam os esportistas a determinado movimento. Feministas, defensores dos gays, o exército, a meritocracia, os programas sociais. Ao que parece, cada vitória parece servir a uma linha ideológica. Pobres atletas, reduzidos a metáforas na ânsia das pessoas em provarem seus pontos de vista.

E vejam como os três pontos que citei se misturam, se alimentam mutuamente. Vitórias, nacionalismo e ideologia.

Não vibrarei por isso. Estou no 22o. lugar no Cartola Club da galera e já me parece bom o bastante. Hora de ouvir John Lennon, arremessar minhas catotas e torcer por uma olimpíada onde o empate agrade a todos. E onde atletas egípcios e israelenses celebrem juntos.

7 comentários

  1. Posso abrir questões? Perguntei só pela introdução porque já vou questionando…hahaha.
    Vejamos… obsessão por medalhas/vitórias… Um vendedor trabalha para vender. Bater metas pode ser sua obsessão ou seria objetivo? E o atleta que dedica a vida a uma atividade? Obsessão ou objetivo? Quando se é profissional o que deveríamos esperar? Se no Cartola você virar obsessivo, bem, me parece que aí sim seria algo esquisito.
    A questão do nacionalismo também me faz pensar. Sem entrar no mérito das pseudo superioridades que o nacionalismo exacerbado traz consigo, não seria genuíno um Jamaicano vibrar enquanto seus mais profundos sonhos (e por que não de todos que admitem) se materializam em firma de medalhas no peito de um alguém que afinal comeu daquele mesmo pó? Os problemas das nações não desaparecem. Mas a esperança também é feita de momentos, penso eu.
    E sobre a representação política das vitórias, concordo inteiramente contigo. Tudo e todos viram bandeira. Tá chato.

      1. Gosto da polêmica. Sacode os pensamentos, tira poeiras e nos faz pensar. Confirmações ou mudança de opinião… tudo começa com uma boa polêmica! 🙂

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