No dia da votação do Impeachment eu estava no metrô a caminho de um churrasco. Viajava meio desgostoso pensando que a quebra institucional traria muitos problemas para o país, que era triste ver nossa democracia tão debilitada.
No mesmo vagão havia muita gente animada. Vestiam roupas e adereços verde-amarelos e pensavam de forma oposta a minha. Um rapaz que estava com esposa e filho me dizia que seria o começo da moralização do Brasil, um momento histórico.
Mais tarde, assisti um pouco da votação na TV. Cada um dos nobres deputados fez um pequeno discurso (numa língua que parecia um português arcaico) tratando de honradez, de resgate aos valores, de Deus e da família.
Muitos dos meus amigos me garantiram que era o fim da corrupção.
Hoje, quase um ano depois, decidi fazer um apanhado dos projetos de lei propostos pelos mesmos nobre deputados e seus partidos desde a fatídica data. Vamos a eles:
- Aumento do fundo partidário
- Anistia ao uso de caixa 2 em campanha
- Anistia às multas que partidos tomaram do TSE
- Permissão às pedaladas fiscais (isso mesmo, agora pode pedalar a vontade)
- Permissão a parentes de políticos para repatriar dinheiro escondido no Exterior (os políticos são proibidos de fazer isso, então eles estão tentando permitir que suas esposas o façam)
- Lei para blindar juridicamente os presidentes do senado e da Câmara
- Projeto que cria o financiamento público de campanha eleitoral
Lendo a lista acima surgiu uma pulga do tamanho de um besouro atrás da minha orelha. Estou começando a desconfiar dos nobres congressistas. Tenho a sensação que as intenções deles teriam um fundo de auto-preservação.
Talvez seja exagero meu, as coisas devem estar mesmo nos trilhos, afinal não ouço mais o rufar de panelas nem vejo as ruas repletas de patriotas.
Qual a sua opinião, caro leitor? Será que estou sendo muito descrente?
Curti, post ótimo. Beijos, Filomena
Obrigado Filomena, apareça Sempre e se puder, conte para os amigos