Das tecnologias para o divórcio

 

Desde os tempos das cavernas o homem desenvolve tecnologias para diversos usos. Começou com pedras afiadas, tacapes e o fogo, até chegar no videocassete Betamax, no Zoom da Microsoft e no Google Glass.

Hoje, praticamente não há ação humana que se faça sem o uso de tecnologias. Das nossas tarefas mais biológicas como comer e ir ao banheiro às mais sofisticadas, que envolvem relações pessoais e profissionais, dependemos de invenções humanas.

Com o divórcio, não poderia ser diferente, anos e anos de evolução não poderiam deixar pra trás uma matéria tão importante.

Aliás, como o divórcio é uma invenção moderna, que começou a ser usada com mais frequência nos últimos 50 anos, as tecnologias associadas a ele também são recentes.

A primeira delas é a união de duas invenções anteriores: O batom e o colarinho branco, que juntos, deram muito trabalho a advogados de família.

Depois vieram ótimas invenções com o mesmo uso, como a secretária eletrônica, o extrato do cartão de crédito via correio e o e-mail.

Porém nenhuma tecnologia ajudou tanto o divórcio como o celular. Aliás, com a chegada do Smartphone, o celular passou a ser um único dispositivo que comporta várias invenções poderosas para acabar com um casamento: O Whatsapp, o e-mail, a secretária eletrônica, o SMS, o cartão do banco, o localizador do GPS e o Tinder.

Posso usar um fato ocorrido comigo, nos tempos de casado, como exemplo da maléfica associação das tecnologias pró-divórcio.

Aconteceu quando passei um dias fora, viajando a trabalho. Ao contrario do que vossas mentes sujas podem pensar, passei os tempo trabalhando sem cometer um único ato ilícito. Se a Scarlett Johansson tivesse passado ao meu lado naqueles dias eu não teria nem reparado.

Porém, na minha primeira noite em casa, fui acordado de madrugada por um telefonema misterioso, cujo número de chamada eu não conhecia. Só aqui já temos duas tecnologias assassinas, o celular e o Bina. Eu não atendi a chamada misteriosa porque era tarde, não sendo o número de meus pais ou de alguém da família, não tenho obrigação de atender.  Minha Ex resmungou semi acordada – “Estranho tocar seu celular a essa hora logo depois de você passar uns dias fora”.

Ela tinha razão e mais estranho ainda foi o que ocorreu em seguida, uma nova tecnologia contra mim, um SMS vindo do mesmo número com um texto que não cheguei a ler até o fim, mas a parte que li dizia mais ou menos assim:

“Meu gostoso, quero te chupar inteiro. Minha @#$%$^ está te esperando. Quero pegar o seu $%ˆ&%** e te $%$@#$ até cansar…”

Apaguei a mensagem na velocidade da luz e tive uma DR na mesma hora. Minha Ex, mesmo sem ver o conteúdo do SMS falou um monte e eu, despreparado e assustado, dei a seguinte explicação:

_ Hum, ergh, quer dizer. Eu não sei… hum, engano. Acho que era… argh… 

No dia seguinte, no trabalho, o telefone tocou e era o mesmo número misterioso, atendi aflito, ansiando por respostas. Era uma voz feminina, lânguida, cheia de desejo. Eu interrompi e disse que deveria ser engano, que não a conhecia e ela se defendeu:

–  Mas ontem a gente estava conversando no MSN.

– Eu não tenho MSN.

_ Então desculpa.

Pois é, o MSN, mais uma tecnologia criada para acabar com o matrimônio e eu nunca a havia usado. Pensei na fragilidade das relações e em como estamos expostos ao acaso. Apaguei o número da memória do celular para o desgosto de alguns amigos para quem contei a história:

– “Pô, então me passa o número dela!”.

Meu casamento ainda resistiu um tempo mas acabou como acabam tantos outros. Não há como vencer a modernidade.

 

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