Como funciona a ciência?
De uma maneira grosseira podemos dizer que a ciência existe graças à observação dos fatos. Desde os tempos mais antigos o homem observava de onde o sol nascia e onde descia, observava o movimento das ondas, o comportamento dos bichos e daí tirava suas conclusões, aprendia a lei natural.
Observação e aprendizado. A base do nosso conhecimento.
Mas no Brasil as regras nunca são as mais normais, não é mesmo? No Brasil, são os fatos que devem servir às ideias e não o contrário.
Aqui as pessoas tem ideias tão arraigadas, certezas tão certas, convicções tão convictas que os fatos pouco importam.
Lembro do Ricardo Amorim atribuindo a vitória da Espanha na Copa de 2010 ao Neoliberalismo, seja lá qual for o raciocínio que o levou a isso. Vejo a Gleici do PT defendendo a democracia na Venezuela, usando o mesmo racicínio sem sentido.
O prédio que desmoronou no centro de São Paulo é um exemplo perfeito dessa característica tupiniquim. A queda de um edifício que havia sido invadido por famílias muito pobres pode nos dar muitas lições e pode ser uma oportunidade para pensar melhor a questão da moradia. Há muitas perguntas para serem respondidas:
_ O que fazer com as centenas de edifícios vazios que existem nos centros das cidades?
_ Considerando os padrões de segurança desses prédios abandonados, essas invasões são aceitaveis?
_ Numa cidade como São Paulo, trabalhadores que ganham um ou dois salários mínimos conseguem ter moradia? É possível pagar um aluguel se você ganha cerca de R$1.000,00 por mês?
_ Quem são as pessoas que vivem nessas invasões? O quanto ganham?
_ Quem são os movimentos que promovem as invasões?
Antes de tentar responder a essas perguntar e minimamente entender os fatos, já havia gente explorando a queda do prédio:
_ São vagabundos!
_ Só o meu partido defende os sem teto.
_ São membros de uma facção criminosa! (essa veio do Dória)
_ Meu pai comprou a própria casa, não precisou invadir nada! (Danilo Gentile)
_ A culpa é do neoliberalismo…
Enfim, não são poucos os que querem aproveitar a queda do prédio para ganhar pontos com o eleitorado ou tentar provar seus pontos de vista. O mesmo aconteceu com a crise de 2015 e com tudo que sucede ao Sul de Parador. Ignoramos as chances de aprender com os erros para repeti-los indefinidamente cheios de orgulho, batendo no peito com autoridade como se entendêssemos 10% do que está acontecendo.