Bocó de Mola

Sou um nostálgico doentio. A idade faz isso. Quando era jovem me aborrecia com a ladainha do meu pai saudoso do bonde* e do Frank Sinatra. Hoje minha filha tem de me aguentar lembrando do Videocassete Betamax e do Ritche.

Porém a coisa que me faz mais falta é o vocabulário. Lembro com um aperto no coração do jeito que a gente falava antigamente. Principalmente dos xingamentos.

Não tinha essa de lixo humano, petralha ou coxinha, tão usados hoje em dia. Havia termos pitorescos como “cabeça de pudim, “Pedro Bó” ou “bocó de mola”. Sinto imensa falta deles. Acho até que se as pessoas discutissem hoje usando o “bocó de mola”, as diferençcas nas redes sociais seriam amenizadas.

Imagine uma briga de torcida organizada. Corinthianos gritam “Pedro Bó” para ofender Palmeirenses. Seria impossível haver uma morte.

Aliás quando eu era jovem a coisa mais ofensiva que vinha da torcida era o seguinte:

_ É canja, é canja, é canja de galinha, arranja outro time pra jogar na nossa linha!

Hoje usa-se o “Vai tomar no cu” em coro até no campeonato infantil de Judô do clube Pinheiros. Tempos horríveis.

Naquela época não havia Fake News. dizíamos “paia”. Um mentiroso como o Dória seria paieiro ou paiudo, depende da cidade. Diríamos assim:

_ Só um bocó de mola para acreditar nas paias do Dória.

Eram bons tempos…

Entendeu, Pedro Bó?

*Bonde era um meio de transporte, não tinha nada a ver com baile funk.

** Na foto do post: Eu no dia em que ganhei um videocassete Betamax.

*** Depois da postagem alguns leitores disseram que eu estava tam-tam ou lelé da cuca.

2 comentários

Deixe um comentário

Preencha os seus dados abaixo ou clique em um ícone para log in:

Logo do WordPress.com

Você está comentando utilizando sua conta WordPress.com. Sair /  Alterar )

Foto do Facebook

Você está comentando utilizando sua conta Facebook. Sair /  Alterar )

Conectando a %s