Abaixo o Patriotismo

No século XVIII o filósofo inglês Samuel Johnson cunhou a famosa frase: “O Patriotismo é o último refúgio dos canalhas”. Não sei o contexto em que isso foi dito. Não sou tão culto assim, sem o Google nem saberia quem é o tal Samuel.

Porém gosto muito da frase e concordo com ela. Quanto mais patriota o cidadão, menos eu o admiro. Tenho imensa ressalva ao patriotismo.

Por outro lado, a frase que resume o patriotismo por essas terras tupiniquins é “Brasil acima de Tudo”, igual ao “Alemanha acima de tudo, usado por Hittler e parecido com o slogan do topetudo Trump – “America First”.

Serei bem direto e didático na minha argumentação. O Patriotismo “sucks” como diriam os americanos:

  • Está sempre na boca de imbecis. Panacas como Alexandre Frota, Bolsonaro, Kataguri ou Janaína Paschoal não perdem tempo em bater o peito em sinal de patriotismo. Se essa galera gosta de algo, a gente já começa a sacar que é ruim.
  • O Patriotismo já foi justificativa pra todo o tipo de barbaridade que o ser humano cometeu.  Hitler, Mussolini, Pinochet, Pol Pot, Mao, todos os grandes assassinos mataram e oprimiram em nome do patriotismo.
  • Patriotismo é um sentimento falso. Afinal, as fronteiras foram colocadas onde estão por fatores históricos. Por que eu defenderia o Brasil contra o Uruguai? Só porque alguém traçou uma linha imagiária separando os países? E por que eu tenho de gostar mais dos brasileiros que dos croatas ou dos Marroquinos? Não somos todos humanos?
  • O Patriota adora forjar um inimigo e com isso unir a pátria, criando ódio e acirrando o preconceito. Assim Hitler usou os judeus e o comunismo para unir a Alemanha nazista, Trump está usando os imigrantes para atrair os rednecks e Bolsonaro usa o comunismo e os muçulmanos. Crie um inimigo, gere medo do inimigo e una o país no ódio. Esse é o maior legado do patriota.
  • O Patriotismo (e seu irmão nacionalismo) levam a atos estúpidos. Na ditadura militar havia a Lei da Informática, que nos impedia de importar qualquer artigo de alta tecnologia em defesa da indústria nacional que ainda não tinha como produzir esses produtos. Graças a essa ideia patriótica, usávamos máquinas de escrever enquanto o mundo desenvolvia computadores.
  • Falando nos nossos militares, eles são vistos como bastiões do patriotismo. Pois quando estiveram no poder por 21 anos, defenderam as fronteiras ao mesmo tempo que matavam e torturavam os filhos da pátria. Defendiam a bandeira enquanto violentavam nossas mulheres. O patriota Brilhante Ulstra sequestrou crianças de 4 anos para que elas assistissem à tortura de suas mães.

É esse o patriotismo que defendem? É defender a bandeira? As fronteiras? O território? Pois podem ficar com ele.

Sou anti-patriota. Quero fronteiras abertas para que venham haitianos, venezuelanos, sírios e médicos cubanos. Quero ser como Londres que tem 40% de estrangeiros, como Nova York, que chegou a receber mais de 5.000  imigrantes por dia.

Se um dia o Acre quiser se separar e juntar-se a outro país, deixemos. Se o Sul quiser se separar como às vezes dá a entender, que saiam. Vamos defender as pessoas e não conceitos abstratos como a integridade territorial.

A Alemanha disputou a Álsácia por 70 anos com a França e perdeu. Que falta faz a Alsácia à Alemanha? Aliás, não é melhor hoje, que a alemanha e a França tem fronteiras abertas do que no tempo das infinitas guerras entre os dois países?

Então sugiro que troquemos o “Brasil Acima de Tudo” por um novo brado:

” Brasil, who cares? Eu gosto mesmo dos brasileiros! E dos estrangeiros também”!

P.S. Antes que me acusem de não amar o Brasil, já digo que amo muito essa terrinha. Pago meus impostos com orgulho e pagaria até mais, afinal, impostos são a forma de ajudar o país.

2 comentários

  1. Lucio, eu não poderia concordar mais do que já concordo com você! “O Patriotismo (e seu irmão nacionalismo) levam a atos estúpidos” é uma frase que deveria ser o lema de todos os países. Deveria ser ensinado em todas as escolas, em vez dos hinos que falam de “morrer pela pátria”, de “matar a sede de nossas trincheiras com o sangue impuro do inimigo”(que vem a ser o “patriota” do outro lado…). Obrigado.

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