O mundo é uma grande corrida de revezamento e os presidentes são os atletas que correm por seus países, trocando de bastão de tempo em tempo.
Se você ainda não sabia disso, está sabendo agora. E para te ajudar a entender o conceito, vou descrever a corrida no Brasil desde o fim da ditadura militar.
General Figueiredo
O último General presidente do Brasil chegou ao final de seu ciclo aos tropeços. Toda a pose de atleta e cavaleiro (nunca cavalheiro) de nada lhe adiantou. Fez uma corrida vergonhosa e chegou ao fim da linha coberto de vaias e desprezo. Pediu ao público para ser esquecido. No final deprimente de sua corrida entregou o Bastão para…
Tancredo Neves
Ídolo da torcida e esperança da nação caiu morto assim que encostou no bastão. Tiveram que chamar do banco de reservas seu substituto…
José Sarney
Sarney nunca sonhou em ser corredor. Estava feliz depenando o Maranhão quando num acordo foi colocado como suplente do Tancredo. Sem aquecimento ou alongamento teve de arrancar o bastão da mão do defunto e tocar um país em frangalhos. Fez um monte de presepadas e entregou um caos pior para…
Fernando Collor
Collor era o atleta dos sonhos: Forte, jovem e moderno. Infelizmente, ele desesenvolveu uma técnica de bater a carteira da plateia e correr ao mesmo tempo. Foi desqualificado antes do fim da prova. Ainda havia suspeitas de doping nasal. Foi substituído pelo mineiro…
Itamar Franco
Reserva pouco conhecido e sem grande carisma, Itamar nos surpreendeu e depois de muitos anos o Brasil teve alguém correndo de forma regular e na direção certa. Tirou os anos de atraso dos presidentes anteriores e entregou o bastão com louvor para o sociólogo…
Fernando Henrique Cardoso
FHC conseguiu mudar as regras do jogo e pode correr por dois trechos. Pode não ter sido o mais veloz dos presidentes, mas pelo menos foi na direção certa e manteve o nível mais elevado deixado por Itamar. Depois de tantos substitutos entrando de última hora, foi bom ter um titular indo até o fim e entregando o bastão para…
Lula
Carismático e falastrão, Lula era uma grande dúvida. Mas logo mostrou seu estilo de corrida. Manteve a direção dada por FHC e acelerou. Acelerou muito. Ultrapassou vários concorrentes, conseguiu elogios da plateia e dos adversários de outros países. Atravessou seus dois trechos sem grandes problemas e entregou o bastão para sua amiga…
Dilma Roussef
Dilma começou bem, correndo forte, mas logo começaram a acontecer coisas estranhas. Ela de vez em quando largava a corrida e dava uma cambalhota. Depois começava a xingar o preparador físico. Disse que só ela sabia a direção certa e passou a pular num pé só. Pra piorar, o comitê olímpico começou a suspeitar de doping em todas as corridas e Dilma tinha de correr e tratar de assuntos jurídicos ao mesmo tempo. A situação ficou tão difícil que foi surpreendida por…
Michel Temer
Quando parte da torcida começou a bater panelas, Temer aproveitou a confusão e passou uma rasteira em Dilma, lhe tomando o bastão. Ela gritava no chão – “Foi golpe“!- enquanto Temer corria sob olhares desconfiados da plateia. Apenas a imprensa esportiva estava ao seu lado. Noblat, Reinaldo Azevedo e Augusto Nunes exaltavam emocionados a elegância e o estilo de correr do presidente. Temer era a solução, o galã, o exemplo. Não importava que batia carteiras como Collor e ainda pior, não importou o fato dele correr para o lado errado.
E agora?
Agora está chegando a nova troca de atleta. Quem será o novo corredor? Que direção seguirá? Nós é que vamos escolher. Muitos querem a volta de Lula, outros acham melhor colocar um atleta de tiro ao alvo na pista. Enfim, agora é com você leitor. Quem leva o bastão?
Tá difícil saber. Ainda muitas decisões sobre doping, corredores perigosos de movimentos ainda mais perigosos pela raia 1 e 8, animal na pista com quase 20% de torcida, uma corredora na pista que só aparece no dia da corrida, Pinóquio vindo pelo Sul que ninguém acredita nele…