Os Incendiários do Museu Nacional

Em 2011, durantes as manifestções violentas que sacudiram o Egito, o Museu do Cairo estava em risco. Porém, milhares de egípcios voluntariamente cercaram o prédio defendendo o acervo que é um dos mais valiosos do mundo.

No Brasil, nosso mais antigo museu virou cinzas. Mas aqui, não havia brasileiros para defender o patrimônio cultural, só havia voluntários com galões de gasolina, loucos para destruir as peças de valor incalculável.

Se vocês não viram esses incendiários, eu vi, alás os tenho visto há tempos. Ainda hoje eu os encontrei, vejo suas caras inquisidoras e o fogo que queima qual fogueira medieval.

Faz tempo que leio os ataques à cultura nas redes sociais, são tochas em forma de memes com mentiras sempre atacando projetos culturais. Falam da lei Rouanet e atacam a opinião dos artistas usando a lei como algo negativo, são ataques aos grandes mestres da nossa música, Chico, Caetano, Gil e outros em função de suas crenças e opiniões.

Há grupos organizados que conseguram tirar a exposição Queer Museum de um centro cultural em Porto Alegre e depois atacaram com pedras funcionários do Museu MAC.

São grupos pedindo o fim do Minc, pedindo o fim da Lei Rouanet, pedindo cortes no orçamento da cultura. Aliás, se você não sabe, a Cultura consome 0,03% do orçamento da União. Você acha mesmo que é isso que está provocando a crise?

Eu prefiro não citar nomes mas vou citar assim  mesmo.

A Radio Joven Pan é uma das campeãs  na campanha para promover o ódio à cultura. Eles tinham uma jornalista chamada Joyce Hoffman, que é do PSL, partido do Bolsonaro, ela pediu no ar o fim do financiamento a todos os Museus e o fim da Lei Rouanet. Ela foi uma das líderes da turma que incendiou o museu.

Roger Moreira, que num passado distante fez a ode à zoofilia – Mary Lou – ataca artistas que não pensam como ele. Villa, outro da Pan diz diariamente que a arte e a cultura brasileira não tem valor. Ataca também a universidade pública. Pra que gastar com uma universidade? O Brasil precisa economizar.

São tantos famosos, mas há inumeros incendiários anônimos. Entre os meus connhecidos vejo dezenas deles. Dizem que o Brasil não precisa de um Ministério da Cultura, afinal nem a França tem um. Dizem que o cinema de Hollywood não usa leis de incentivo para seus filmes, por que o Brasil precisa delas?

Eles aprenderam tudo isso nos memes. Mas não desconfiam que é mentira. A França tem um Ministério da Cultura. O governo americano gasta milhões anualmente em incentivo fiscal para o cinema, inclusive nas super-produções. A Alemanha também, assim como o Japão, a Inglaterra ou a Italia. Mas nossos incendiários não se importam com a verdade. Preferem acreditar nas correntes de Whatsapp.

Ainda hoje estavam eles lá, atacando a Cultura, ao mesmo tempo que fingiam se importar com o Museu incendiado. Ao lados deles políticos e candidatos desfilando sua hopocrisia.

Dilma, que saiu da presidência há dois anos culpou Temer pela tragédia, como se o descaso com o Museu fosse diferente nos tempos dela. Alckmin ensinava como se administra o bem público, fingindo se esquecer que em seu governo o Museu Língua Portuguesa, o Butantã e o Memorial da América Latina se incendiaram com o mesmo descaso.

Bolsonaro só faltou comemorar o incendio. A sua solução é acabar com o Minc, acabar com a arte. Pegar o dinheiro que sobra e investir nos filmes pornô, onde os fãs das armas podem se excitar vendo a pistola do Alexandre Frota.

Perdoem a virulência deste desconhecido blogueiro. Vivo para e pela cultura. Trabalho o dia todo e escrevo à noite, quero levar cinema e livros para cada brasileiro. Não aceito e jamais vou aceitar as tochas do ódio e torço para que meus leitores estejam ao meu lado. Não há grande nação sem cultura e nossa cultura é maravilhosa. Temos de defendê-la.

 

3 comentários

  1. Lúcio meu caro amigo. Gosto muito de viajar de carro, até como nostalgia dos meus tempos de criança onde, com meus pais rodava milhares de KM de carro para visitar o nosso maravilhoso país. No ano passado estive em Brasília e neste ano em MG na região de Ouro Preto e BH. Muito me entristece ver as condicoes de conservação das obras tanto de um quanto de outro lugar. É triste ver o descaso dos governos com tamanha riquezas de nossa cultura.

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