Bolsonaro e o Perdão

Hoje foi o Dia do Perdão para os judeus. Escrevo ainda cansado depois de 24 horas de jejum, muitas delas rezando. Se vocês acham o Cabo Daciolo religioso, é porque não me viram no Iom Kipur.

No Dia do Perdão precisamos meditar sobre tudo o que fizemos no último ano, perdoar a quem nos ofendeu, perdoar a nós mesmos e pensar em boas ações para o futuro.

Porém, fora da reza, nos corredores da sinagoga, só se falava em eleições. Mesmo nos momentos mais intensos de oração, quando eu deveria estar 100% concentrado nos meus compromissos, a imagem do Bolsonaro me vinha à cabeça.

Boa parte da pessoas que conheço vota em Bolsonaro e isso me assusta.

Nos meus 47 anos de vida (eu sei, pareço menos), nunca houve um candidato que me provocasse tanto asco. Nunca houve um candidato com o potencial destrutivo que vejo em Bolsonaro. Poderia ficar horas falando motivos pelos quais eu o odeio e ao mesmo tempo, tenho medo dele. Mas não é esse o intuito desse texto.

Vejam a encrenca em que meti, me peguei odiando profundamente um cidadão bem no dia em que deveria perdoar as pessoas.

Evidentemente jamais terei simpatia por Bolsonaro, ele defende valores opostos aos meus. Mas por isso eu preciso odiá-lo?

Ele prometeu fazer as piores barbaridades contra nosso país se eleito e isso me dá um medo daqueles, mas por outro lado, muitos pensam que o meu candidato é um mal para o país. Como pedir respeito aos outros em relação a minhas ideias se eu não respeitar a opinião alheia?

Tenho convicção que Bolsonaro será um desastre completo e então continuarei me esforçando para que ele não seja eleito, porém devo fazer isso aceitando que muita gente pensa de outra forma e é meu dever respeitar essa posição.

Quem decide no final é o voto, isso se chama democracia. Se eu defendo a democracia preciso aceitar a pluralidade. Quem ganhar a eleição terá 4 anos para realizar seus planos e os perdedores podem contestá-los dentro dos limites da lei e da ordem. Impixe por mimimi de derrotado a gente já viu que não dá certo.

Embora eu torça para o melhor, preciso me preparar para o pior, aceitando com serenidade o que vier. Quanto ao ódio que o candidato me causa, ele está dentro de mim cabe a mim combatê-lo. Não há como almejar um mundo com mais amor se eu agir de forma violenta, mesmo que nas palavras.

*Me perdoem por ser monotemático nos últimos textos, mas onde quer que eu vá só se fala de eleições, difícil fugir do assunto…

6 comentários

  1. Oi amigo,
    é complicado mesmo não ter uma raiva horrorosa do inominável… entendo sua colocação, tanto que, mesmo virando do avesso só de ouvir o nome, me preocupei com o (suposto) ataque. Isso nos mostra que ainda temos humanidade, acredito. Ter empatia, respeitar e, por mais que temamos o futuro, ainda não pirar com os seguidores dele, mostra que ainda estamos no caminho certo.
    .
    Seguimos resistindo.
    #EleNão
    #EleNunca

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