Qualquer Música Fica Boa Depois de 20 Anos

Esse título ficou tão grande, tão grande, que eu nem preciso escrever o texto. O título já diz tudo. Não há nada que eu precise acrescentar.

Só continuo escrevendo porque algum engraçadinho pode duvidar de uma afirmação tão certeira, assim preciso gastar minha argumentação explicando o óbvio. Vamos lá.

Há dois tipos de música, aquelas que gostamos e as que não gostamos. Vou evitar dizer que há música boa e música ruim pois sei há muito tempo que nada é tão subjetivo como o gosto musical. Mas tenho certeza que para você leitor, a fronteira que separa música boa de música ruim é clara e nítida.

Se você pertence a minha geração, dos que testemunharam a Copa de 82, provavelmente será um fã do Queen e Zé Ramalho e tem grande chance de não gostar de Drake e Ludmilla.

Aposto ainda que se você gosta de Henrique e Juliano, não deve gostar de Sepultura, e vice versa.  Aliás, sem conhecê-lo leitor, vou arriscar que você não gosta nem de Sepultura e nem de Henrique e Juliano.

Enfim gostos são polêmicos, mas uma coisa é certa. Qualquer música fica boa depois de 20 anos.

Eu quando jovem era um arrogante musical, gostava do rock progressivo do Yes, das melodias do Supertramp, das letras inteligentes do Chico Buarque, das harmonias do MP4. Não suportava a nova onda sertaneja surgida no final dos anos 80 como Chitãozinho e Xororó ou Zezé de Camargo e Luciano. Meu refinamento intelectual construído nas quartas-feiras com desconto do Belas Artes não permitia.

Outra coisa que me arrepiava era o pagode, vertente simplificada do samba com tempero pop.

Porém, eis que 20 anos depois, canto as músicas do Alexandre Pires com a mesma alegria com que danço os sucessos do Sidney Magal. Sou daqueles que acredita que “Evidências” é o verdadeiro hino do Brasil.

Lembram da breguice erótica do “É o Tchan”? Eu como estudante de comunicação da USP poderia fazer inúmeras teses provando seu legado negativo para a cultura brasileira. Pois bem, passados 20 anos me pego cantando distraidamente:

“Essa é a mistura do Brasil com Egito…”

Que saudades do Compadre Washington. Ele me fez entender que a música é mais gostosa quando temperada com nostalgia. Tudo que um dia pareceu ruim hoje mexe com nosso coração. Se você passou dos 40, tente ouvir Fabio Junior, Giliard, Perla, Gretchen, Luiz Caldas, Netinho (de Oh Mila!), e tudo o que você não gostava na época para ver a emoção que cada um trás.

Se você tem 18 anos e não suporta Anitta, aguarde. Ao chegar à meia idade aposto que vai cantar “Show das Poderosas” com todas as força enquanto abraça seus velhos amigos em um reencontro qualquer.

Saiba que um dia, até mesmo Elvis, Beatles e a Disco Music já foram considerados lixo para consumo imediato.  

Portanto amigo, antes de odiar qualquer estilo, dê tempo ao tempo e lembre-se: Pau que nasce torto, nunca se endireita, mas música, 20 anos depois, fica uma maravilha.

5 comentários

  1. Verdade… Já me peguei dançando e curtindo músicas que eu NUNCA pensei serem da lista das “escutáveis” ou “dançáveis”. As músicas do Gera Samba ainda não entraram… FRISANDO: Ainda não! Mas creio que logo logo elas farão parte… Afinal, Braga Boys, com o seu É Bomba!, já me pegou de jeito! 😛

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