Caro Leitor, serei um pouco confessional, vou compartilhar detalhes picantes da minha vida. Moro sozinho, sou um sujeito um tanto solitário. Além disso, sou freelancer. Chego a passar dias seguidos aqui em casa.
Quando o noticiário começou a falar da necessidade de isolamento social em função da pandemia de coronavírus (ou covid-19 para os íntimos), eu não me preocupei. Imaginei que pouco mudaria na minha vida e efetivamente, até agora, pouco mudou.
Porém há uma diferença importante. Quando encontro amigos e colegas de trabalho, não nos tocamos mais. Nossos cumprimentos são dados a distância. Quando muito, tenho encostado o cotovelo no cotovelo das pessoas que amo.
Não me considero um sujeito particularmente carinhoso. Não sou chegado a exageros, mas sou brasileiro. É comum abraçar amigos, amigas, parentes e colegas de trabalho. Até nossos apertos de mão costumam ser carinhosos. Chego a beijar as bochechas de velhos amigos.
Agora sinto-me um lutador de sumô, minha intimidade máxima é curvar as costas em sinal de respeito.
Quando sem querer aperto a mão de alguém, o ato acaba gerando enorme constrangimento e muitos pedidos de desculpas, todos eles com os dois metros protocolares de segurança.
Não aguento mais. Estou virando o Olaf, o que eu mais quero são abraços quentinhos. Quero pousar a mão no ombro das pessoas que amo, sentir o calor da amizade.
Senhores cientistas, inventem logo essa tal vacina. Não quero mais entrevistas coletivas do Paulo Guedes, não quero mais quedas da bolsa, choro de jornalistas ou matérias com imagens de homens metidos em escafandros. Eu quero sentir o toque da pele, a energia do corpo humano. Eu quero um abraço!!!!!!
(Nem que seja do Drauzio Varella)
Sinta se abraçado meu amigo! GVC !
Sensacional! Parabéns pela coragem em escrever o lado humano da coisa ! 🙌🙏
Obrigado fico feliz com cada comentário. Compensa um pouco o peso dos nossos dias.