(O Texto de hoje é uma contribuição do amigo Eduardo Tironi do canal Arnaldo e Tironi)
O confinamento por causa do coronavírus traz grandes saudades. Saudade dos pais, dos irmãos, do filho, dos sobrinhos, dos amigos, de viagens, de momentos especiais.
Mas à medida que o tempo vai passando esse tipo de saudade vai se acomodando dentro da gente, de modo que segue sendo angustiante e torturante, mas vamos de alguma forma nos acostumando. Como aquela torcida de tornozelo mal curada que você sente em dias mais frios, mas de forma resiliente convive com ela.
Mas aí surge ao lado desta uma outra saudade, passado mais de um mês entre sala, quarto, cozinha e banheiro. É a pequena saudade.
É a saudade do vento na cara. Fenômeno meteorológico que na normalidade serve só para desmanchar o penteado e jogar algum cisco no olho. Mas que agora faz uma falta danada sair na rua e sentir a brisa passando.
É a saudade do não-papo com o cara da quitanda da esquina que a gente nem sabe o nome. Tudo bem? Tudo bem. Só isso mesmo? Só. E o Palmeiras, vai ou não vai? Agora vai… Obrigado! De nada.
É a saudade particular de uma brincadeira que faço desde os tempos da faculdade com uns amigos. Olhar para qualquer pessoa na rua e pensar com quem ela se parece. Hoje as pessoas na rua não têm rosto, todas usam máscara.
É a saudade de ver a cara do desconhecido e viajar sobre quem é ele. O que faz? Trabalha no banco? é professor? É encanador? Está feliz ou está triste?
É a saudade da coisa miúda, dos momentos pequenos e desimportantes. A gente não percebia, mas a maior parte da nossa vida é formada por isso. E como faz falta.