Uma vez, conversando com meu amigo Miguel, defendi a homeopatia. Eu me lembrava com carinho de um homeopata que tratava minha família quando eu era criança.
Meu amigo refutou meus argumentos. Disse que não havia comprovação científica da eficácia da homeopatia, deu a entender que a homeopatia era picaretagem, charlatanismo.
Fiquei muito contrariado. Chegando em casa, encontrei no no Google bons argumentos e textos convincentes, mandei para ele.
Mas Miguel era duro na queda. Ele também sabia usar o Google e quem diria, ele também encontrou textos que coincidiam com seu ponto de vista.
Eu não quis ficar para trás e comecei a pesquisar ainda mais sobre o assunto. Li grossos livros, participei de simpósios, fiz cursos online. Mandei inúmeros textos e argumentos para o Miguel. Ele por sua vez também se tornou especialista no assunto, entrevistou cientistas, assistiu a documentários e nunca deu o braço a torcer.
Eu passei a me tratar apenas com homeopatia e nunca mais falei com Miguel, aquele teimoso cabeça dura.
Acho que essa história ajuda a entender a polarização do Brasil.
Muitos brasileiros tem suas convicções e para eles defender o Livre Mercado, ou a Renda Mínima Universal é muito importante.
Mas para a maioria das pessoas, essas questões nunca foram tão fundamentais. Até poucos anos atrás, ser “de esquerda” e “ser de direita” não era um traço de personalidade, uma marca que carregamos na testa.
De repente, com tantas discussões no Facebook, Whatsapp, no Twitter, começamos a procurar autores que confirmavam nossas convicções. Ganhar o debate virtual passou a ser mais importante do que o próprio tema do debate.
Assim como eu quis vencer a disputa pela verdade da homeopatia, boa parte das pessoas que conheço simplesmente quer ter razão. Daí só lê aquilo que interessa. Só segue nas redes sociais quem credencia suas opiniões.
A verdade é que antes da discussão com Miguel, eu não nunca me importei muito com a homeopatia, mal sabia como funcionava. Aliás preciso confessar também que eu nunca li os textos que o Miguel me mandava.
Pensando bem, ser fã da homeopatia ou não, é pouco importante. Provavelmente o que eu e o Miguel queremos é ter saúde, receber o melhor tratamento médico sempre. Talvez a gente deva pensar assim também em relação à política.
P.S. Esse texto não representa uma conciliação com o Bolsonarismo. Bolsonarismo não tem nada a ver com isso. Bolsonarismo é doença mental misturada a ignorância e perversão.
Concordo com você na parte do P.S. rsrsrsrs
hahaha. Imaginei que vc fosse gostar…
Amei!!!
PS. Dosagens adequadas e equilíbrio mental é só para normais, agora psicotrópicos não entram na homeopatia e pelo jeito, não receitam no exércitos!
Eu acho que vou largar a homeopatia e mandar uns psicotrópicos pra dentro!
Olokoooo! O Miguel pode ter falhado, mas a Roselaine conseguiu converter o fanático da homeopatia com um simples enunciado! =P
Eu penso que não existem verdades absolutas, cada caso é um caso e deve ser analisado considerando todos os fatores envolvidos e, muitas vezes, aceitar que o que você prefere não é o único jeito possível. Nós somos responsáveis pelas nossas escolhas e devemos respeitar quem escolhe um caminho diferente do nosso, porque no fim das contas, não são as diferenças que enriquecem nosso mundo?
(Também concordo com a parte do P.S. rs)
E sobre a homeopatia, confesso que não sei muito sobre o assunto, mas me faz lembrar da infância de um jeitinho doce!
Oi Gabriela, o que eu quis dizer no texto é que muitas pessoas tem a necessidade de ganhar a discussão, que isso é mais importante do que até que o assunto sendo discutido. Como você disse, é muito mais enriquecedor se aprendemos com o outro.
Exatamente e acho que a gente vai aprendendo com essas pessoas também o tipo de gente que a gente não quer ser né
Perfeito. Acho que somos parecidos. Procuramos ser sempre pessoas melhores.