Segunda-feira é o dia de escrever para o blog, mas nem sempre a inspiração acompanha o calendário. Várias vezes me pego sem tema ou com textos que não avançam. Hoje estava acontecendo bem assim, finalizava um texto não tão bacana. Eu odeio quando isso acontece, sinto que decepciono meus leitores.
Ainda assim estava me esforçando quando fui interrompido por uma chamada de Whatsapp. Eram dois amigos, Pereira e Quadrado, também solitários querendo matar o tempo juntos numa conversa por vídeo. Desisti de escrever para entrar num embate filosófico.
Os amigos em questão não são de falar de futebol e cerveja como a maioria dos portadores de cromossomos XY. Falamos de maturidade e de como apesar da famosa marca dos 50 anos se aproximar, ainda nos sentimos frágeis muitas vezes infantis. De repente alguém sugere que um livro com dicas para de como ser adulto seria um best seller instantâneo.
Minha geração tem como modelo a geração de meus pais, de homens que viveram pelo família, foram grandes provedores e externavam segurança e bom senso.
Quantas vezes me cobro por não me ver encaixado nesse modelo ideal?
Por outro lado, amigos que reproduzem mais fielmente o modelo tradicional de maturidade esbanjam segurança mas parecem precisar provar isso de alguma forma, publicando fotos de suas conquistas sempre que possível. Deve ter algo de errado em tantos posts de picanhas na brasa quanto os que recebo.
_ A culpa não é da picanha – esclarece Pereira sabiamente.
Não, a culpa não é da picanha e nem da referência que tivemos das gerações anteriores. No fundo somos todos assim, homens fortes do lado de fora escondendo criaturas muitas vezes assustadas com os desafios que a vida nos impõe. Seguimos em frente nas rotinas tentando fazer o melhor possível e lutando com as ferramentas que temos, mas de vez um quando a vida nos surpreende com uma doença, um divórcio ou uma pandemia, espalhando as peças aleatoriamente no tabuleiro e nos lembrando da verdadeira condição humana.
Enquanto nosso best seller explicando as agruras da vida adulta não sai, recorro a Erasmo Carlos que em suas palavras descreve meu sentimento.
Hoje só com meus problemas
Rezo muito, mas eu não me iludo
Sempre me dizem quando fico sério:
“Ele é um homem e entende tudo”
Por dentro com a alma atarantada
Sou uma criança, não entendo nada
“No fundo somos todos assim, SERES HUMANOS fortes do lado de fora escondendo criaturas muitas vezes assustadas com os desafios que a vida nos impõe” => Poxa, Lúcio, abarca a minha pessoa também neste bote!!! 😀
Você tem razão, o texto serve também para as mulheres, embora o tema fosse a masculinidade e nossa ideia errada de que temos de ser fortes e vencedores.
Eu posso não ser da tribo masculina, mas também tenho esse ideal de ser forte e vencedora (o tipo de força a que me refiro é bem parecido com o tipo a que um macho procura: ser o provedor, o cara,o tal…) Eu sou a minha própria provedora e isso já me faz ser um tanto forte e vencedora… Ainda que a criança interna se debata vez ou outra, lembrando-me da natureza fraca de minha pessoa). Ai, ai… Estamos juntos nessa!!! Força aí!
Se eu aprendi algo na vida é que não podemos nos cobrar demais. Mas eu não consigo evitar.
É a NORMA!!! Somos humanos ávidos pela PERFEIÇÃO!!! Sempre falta algo!
Falta a leveza…
A vida não tá fácil pra ninguém… mas grelha que melhora!
Show! Realmente a culpa ñ é da picanha! Beirando os 50 no meu registro de nascimento …tá difícil sair dos 20 ou 30 no meu registro cerebral afff!