Cobra Kai

Cobra Kai,  o novo sucesso da Netflix entre os brasileiros ajuda a ver que a dicotomia entre o bem e o mal não é tão simples assim.  Mas antes de explicar minha descoberta (meio óbvia) , deixe-me apresentar a série para quem não a conhece.

Cobra Kai mostra como vivem hoje os protagonistas do clássico Karatê Kid, Daniel Larusso e Johnny Lawrence. Mais de 30 anos depois de se enfrentarem na final do torneiro de Karatê do condado, eles continuam carregando mágoas e traumas do passado.

Larusso, cresceu sob a filosofia de equilíbrio de seu mestre Sr. Miyagi, venceu na vida e é dono de uma concessionária de carros de Luxo. Johnny nunca superou suas derrotas e tornou-se um quase alcoólatra, pulando de um subemprego para outro e carregando a raiva ensinada por seu antigo mestre John Kresse.

O filme Karate Kid se passava em uma época em que as coisas se resolviam na porrada na América do Norte. Depois do fracasso das ideias pacifistas de Jimmy Carter, quando os EUA não souberam lidar com a revolução Iraniana. Reagan trouxe de volta a América forte e militarizada, pronta a invadir qualquer inimigo mesmo que fosse a minúscula Granada.

Os grandes ídolos dos EUA eram Arnold Schwarzenegger  e Sylvester Stallone, gigantes musculosos que representavam a força bruta.

Em 2020, Johnny Lawrence ainda vive nos anos 80, saudoso dos tempos em que homens eram homens e mulheres não podiam passar perto de uma academia de luta.  Para Johnny, o bullying é uma forma justa de educação. Seu lema é “No Mercy” (sem compaixão).

Já a busca de Larusso é pelo equilíbrio, ele conquista com sua habilidade de convencimento ou dando Bonsais de brinde.

Porém, na vida nada é tão simples, Lawrence e seu método acabam conquistando a admiração de latinos, meninas obesas e outros rejeitados, se mostrando uma ótima ajuda para aqueles que se sentem inferiorizados. Larusso não consegue por diversas vezes conter seus instintos violentos e a raiva que sente de Johnny.

Creio que todos transitamos um pouco entre Larusso e Cobra Kai. Queremos a paz interior do sr. Myagi mas deixamos que a raiva seja o impulso que nos movimenta. Sabemos que a evolução é o equilíbrio mas sonhamos em socar a fuça de quem nos tira do sério. Admiramos o Larusso que há dentro de nós mas sabemos no fundo, ou não tão no fundo, que o Johnny Lawrence é mais divertido.

Cobra Kai não é uma super série, mas encanta por ter personagens a quem reconhecemos tão facilmente e principalmente por lembrar que no mundo de verdade, o bem e o mal estão dentro de cada um de nós. Todos os dias temos de escolher se somos Larusso ou Johnny Lawrence.

6 comentários

      1. Imagina! Fico contente de empolgá-lo na arte da escrita. Quando der pra escrever, escreva! Não precisa comprar tempo…Uma hora você o obterá de graça, de (e no) presente!
        \(^ᴗ^)/

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