Me considero um sujeito conservador, tão conservador que tive problemas ao ver Breaking Bad ou Casa de Papel. Eu não consegui torcer nem para o traficante de metanfetaminas e nem para o Professor-assaltante. Sou avesso a vilões. Isso não é muito fácil nos dias de hoje em que personagens são tão ambíguos a ponto de misturar heroísmo com vilania.
Antigamente era mais fácil. Não havia dúvidas em relação ao papel de antagonista exercido por Dick Vigarista, Voldmort ou Lex Luthor. Antigamente até o Coringa era vilão.
Sendo um conservador que ainda torce para os heróis, me senti muito mal ao me olhar no espelho e me ver como o bandido da história. Aconteceu ontem a noite, quando me preparava para dormir. Finalmente eu percebi que era um homem branco heterossexual cis representante do patriarcado.
Eu nunca havia me dado conta disso. Era tão comum eu mostrar simpatia e solidariedade a negros, mulheres, LGBT’s e afins que eu não parei para pensar que nunca fui e nunca seria um deles e que não importa como agisse ou o que dissesse, eu sempre seria o homembrancoheterossexualcisrepresentantedopatriarcado***.
Feita a descoberta, agora preciso me acostumar com o novo papel, pensar que por mais que admire o Pantera Negra, Mufasa, John Snow e o Brenner, sempre estarei no time de Thanos, Scar, Joffrey Baratheon e Rodrigo Constantino. Não é fácil descobrir isso, ainda mais quando pensamos no Constantino…
Sou o terror das crianças, o bicho papão, o homem do saco, o que atiça o ódio, o monstro sem consciência, o psicopata, o terrorista, o demônio, aquele em que todos querem jogar pedras e cuspir. Enfim, lhes apresento, eu, o vilão.
***Criei essa palavra para me descrever sem ter o trabalho de escrever todos os atributos da minha vilania
P.S. Preciso caprichar mais na minha maldade, o governo não me colocou na lista de detratores. 😦
Excelente… Estamos juntos, caro vilão. E, cuidado, um pode apanhar pelo que o outro escreveu. E como vc disse, sem nem estarmos na lista (bem, na do governo não estamos, mas em outras….)
vilões, uni-vos!