O Clube Varsóvia estava lotado. Bem, na verdade, ele estava mais do que lotado. Ele estava no limite do suportável. No limite do que pode ser suportável. Repleto. Repleto de pessoas, risadas, sorrisos, bebidas, cigarros, sonhos, mentiras, verdades, desejos, frustrações, energias, música, perfumes, perfumes, perfumes e aromas.. aromas.
Aromas demais.
E lá estava ele, encostado junto ao balcão do bar e tomando uma cerveja qualquer. Não era, com certeza, a noite mais feliz da sua vida. Ele estava sozinho e cansado de pensar em todas as besteiras e bobagens que disse e ouviu dela. Todas as besteiras e bobagens que ambos fizeram. Cúmplices no descuido, na falta de cuidado e na expertise em errar. Cúmplices na vontade de querer lapidar o erro. Cúmplices em um amor cheio de pontas soltas, lágrimas, decepções (e muitos e muitos e muitos sorrisos e coisas boas, mas ok). E lá estava ele observando a multidão e sem saber direito, na verdade, a razão de estar encostado no balcão do bar do Varsóvia, sozinho, naquela altura da madrugada. Bem, melhor do que ouvir baladas tristes em streaming, sozinho em casa – ele pensou, sem convicção de estar certo. De repente, em meio a toda aquela vida que girava ao seu redor, ele sentiu um perfume invadindo seu cérebro, forçando-o a lembrar o que ele mais queria esquecer. Um aroma. Um simples, mas aquele aroma. A porra daquele aroma. Exatamente aquele. Desesperou-se e olhou agitado para todos os lados, agora acelerado. Muito acelerado. Urgente, mas sem rumo. Nervoso e sem calma, sem saber para onde olhar. Desnorteado. Quase em nocaute, mas ainda assim precisava mesmo encontrar de onde vinha aquele aroma. Qual pessoa o punia com aquela memória. Respirou fundo, e olhou para todos os lados possíveis do Clube Varsóvia. Precisava mesmo saber se tinha tanta sorte de ela estar por ali – ou seria azar? – refletiu brevemente. Enfim, queria e precisava saber se era ela. Precisava de verdade. Percebeu depois de algum tempo, que o perfume estava ali, brincando com os seus sentidos e bem ao seu lado, porém deliciosamente impregnado no corpo de um outro alguém que não era ela. Definitivamente, não. Aquela moça de cabelos vermelhos perto dele não era ela. Não. Não mesmo. O perfume sim, era o mesmo. A moça, não. Pagou a conta com rapidez e do lado de fora do Clube Varsóvia acendeu um cigarro o mais rápido que conseguiu, apenas para o aroma do cigarro enganar a sua memória e lembranças machucadas. Não conseguiu, óbvio. Não. Desistiu e foi para casa na carona daquele táxi, melancólico. Estava pronto para ouvir baladas tristes no aparelho de som da pequena sala do seu apartamento e de preferência, sem nenhum perfume no ambiente. Sem nenhum aroma mas, infelizmente com sabor. Apenas um sabor. O sabor do fracasso. Algo mais do que usual para as suas madrugadas. Mais do que usual.
eu praticamente torci por ele começar uma nova histórica com a moça ruiva e ressignificar o cheiro do perfume rs // desculpa a intromissão // amei, como sempre 🙂
Não adianta torcer nos textos do Beto. Ele sempre nos deixa com um sabor amargo no final…
Hahahaha eu ri alto // e realmente, você tem toda razão 😅 .. sempre acaba na melhor hora 🤧
hahahaha aí sim que é bom. Para dar vontade de ler mais. Pensar se não será diferente no próximo hahaha
eu me sinto em abstinência sempre rsrs