Memória

Sophia, 17 anos, tatua no braço a seguinte frase:

“Estarei sempre presente, se você não me esquecer”

É o verso de um poema de sua falecida avó Regina e nos é familiar. Quem já viu “Viva – A vida é uma festa” entende bem o conceito. A ideia que os padres, pastores e rabinos repetem há séculos nas cerimônias de despedida. Nossos entes queridos continuam vivendo em nossas memórias.

Mas isso não significa que vivam para sempre. Eu tenho lembranças distantes de meu avô paterno, mas a cada ano, menos pessoas lembram dele. Não há um ser humano vivo que saiba se é verdadeira a história de que ele lutou pelo exército vermelho na revolução Russa. E o pai de meu avô? Ele nunca veio ao Brasil, nem meu pai o conheceu. Alguém lembra dele? Nesse caso ele não estará mais presente?

A linda foto acima estava nos pertences da minha avó, entre cartas vindas da Europa. É da parte da família que desapareceu com o nazismo.

Quem são essas pessoas? Qual o meu parentesco com elas? Será que há alguém no mundo que ainda pode responder essas perguntas? Ou todos se esqueceram deste lindo casal?

“Estarei sempre presente, se você não me esquecer”

Um dia (não tenho pressa), parto desse mundo e minha filha guardará as lembranças de mim. Se eu tiver netos, essas memórias podem durar mais tempo, mas passarão gerações e ninguém lembrará deste escritor ou de você, que está lendo minha crônica. Quem sabe, mesmo depois do esquecimento o ambiente virtual manterá essas palavras gravadas, eternizadas, assim como a frase de dona Regina, a poetisa que inspirou a tatuagem da jovem Sophia.

“Estarei sempre presente, se você não me esquecer”

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