Bicão

Ramphastos vitellinus. Um tucano. De bico preto e papo amarelo. Está pousado na varanda de meu apartamento há mais de quinze minutos. Sol de verão carioca, os gatos dormem dentro de casa ignorando o colorido visitante. 

Descobri que ele é a ave símbolo do Estado do Rio de Janeiro, com seus mais de 40 centímetros de comprimento. 

Cada Estado do país tem sua ave símbolo, escolhida por votação (ninguém me avisou) como o Sabiá Laranjeira em São Paulo, o Beija-flor no Espírito Santo e a Seriema em Minas Gerais. 

Meu tucano, sim, meu tucano porque já está há mais de quinze minutos pousado na varanda do meu apartamento, tem as cores vivas, o bico negro com uma linha amarelada, o papo que vai do amarelo ao laranja forte e depois o vermelho na parte de baixo da barriga. 

Pombos já pousaram na varanda, mas tucano é a primeira vez. 

Tucano já foi símbolo de um partido político. Já foi estrela de um famoso cartaz da Varig. A Varig já não existe mais. O partido político vai no mesmo caminho. 

Seus pés são azulados como seus olhos,  que olham fixamente para mim. 

Ele se alimenta de frutas, como os coquinhos da palmeirinha do prédio, mas pode comer também insetos e ovos de outros pássaros. 

Agora um dos gatos acordou e olha para o tucano, curioso, tentando entender que bico é esse, que bicho é esse. Não deixo Fidel (meu gato) assustar o pássaro que parece que gostou daqui. Está calor então não é difícil, o gato volta à dormir na fresca. 

Moramos no meio de um dos bairros mais densos da cidade, com a maior concentração de prédios e pessoas, buzinas, ônibus, táxis, poluição, ruídos, barulhos de todos os tipos, mas ainda assim, há um tucano pousado na minha varanda. 

Havia, o bicho acaba de levantar vôo, um vôo esquisito, meio desequilibrado, também com esse bico descomunal, o que esperar. 

Meu tucano de Copacabana, com seu bico preto e seu papo amarelo. Espero que volte. Voando meio desequilibrado e pouse novamente na minha varanda. 

Prometo segurar os gatos.