A maior tradição do ano novo judaico é comer maçã com mel. Desde cedo aprendemos que isso nos ajuda a ter um ano novo doce.
Mas por que entre tantas frutas, foi escolhida justamente a maçã? Por que não comemos tâmaras ou romãs, muito mais comuns em Israel? Ou melancias, com sua extrema douçura?
Honestamente, não sei a resposta, mas a maçã é uma fruta muito simbólica, sempre associada a mudanças na humanidade.
É comum chamar o fruto proibido do Éden bíblico de maçã. Ao comer esse fruto, Adão e Eva perderam a ingenuidade e passaram a distinguir o bem do mal.
No Século XVII outra maçã lendária caiu na cabeça de Isaac Newton para inspirar a teoria da gravidade, revolucionando a física para sempre.
Nos anos 60, 4 cabeludos de Liverpool provocaram um terremoto em Londres mudando a história da cultura pop. Eles fundaram a gravadora Apple e o resto da história vocês já sabem, assim como sabem de outra Apple, a empresa de computadores fundada numa garagem na Califórnia por outro, cabeludo, Steve Jobs.
Não importa onde ou como, quando uma maça surge na história, uma grande mudança se anuncia.
Talvez essa seja a mensagem da nossa maçã de Rosh Hashana. A vida anda em círculos. Parafraseando o Eclesiastes, um ano vem atrás do outro, as 4 estações se repetem na mesma ordem e tudo acontece do mesmo jeito.
Em fevereiro tem carnaval, de quatro em quatro anos temos uma Copa do Mundo intercalada com a Olimpíada, há cada década fazemos o Censo e a cada 76 anos o Cometa Halley se aproxima da Terra.
Mas isso não significa que precisamos ser os mesmos sempre. Um novo ano é uma nova oportunidade para evoluir, crescer e encontrar o melhor de nós. Podemos parar de cometer os mesmos erros, podemos rever as nossas relações. Enfim, podemos e devemos mudar sempre.
É isso que Rosh Hashana nos pede, que sejamos novas pessoas sob o mesmo sol, e que nossas mudanças sejam doces, como o mel que banha a maçã.