Mad Men Tupiniquim

Quando eu era criança decidi ser publicitário por influência do Darrin, marido da “Feiticeira” na série de TV. Na minha adolescência, houve um boom da publicidade no Brasil, com a ascensão de profissionais como Washington Olivetto ou Roberto Dualib, que ganharam grande visibilidade e aumentaram meu desejo de entrar para a profissão.

Essa geração dos nos 70/80, foi a nossa versão dos grandes publicitários americanos nos anos 60, tão bem retratados na série “Mad Men”.

Porém nunca trabalhei em agência. Acabei me direcionando para a produção dos filmes publicitários, tive uma produtora pequena, atendi agências muito boas mas não cheguei a fazer super filmes, com grandes orçamentos.

Essa semana acabei de ler “Segredos de Camarim” – A biografia do também produtor Itagiba Cobra, escrita pelo jornalista Roberto Avanzi. Itagiba viveu intensamente os anos de ouro da publicidade brasileira, convivendo com as figuras geniais que tanto me inspiraram.

Enquanto eu jogava bola de Kichute, Itagiba já era do diretor comercial de grandes empresas como Globotec e Miksom e depois disso ainda fundou algumas produtoras, até chegar na sua atual, a Hay.

Ao ler seu livro, me senti no SET naqueles anos românticos da publicidade, quando Adoniran Barbosa ou Zé do Caixão podiam aparecer como garoto propaganda de uma marca e Itagiba conta de forma divertida como fazia pra negociar com essas celebridades. De certa forma, Itagiba viveu muito do que eu gostaria de ter vivido.

Como brinde, no livro ainda aparecem várias figuras com quem convivi nos meus 30 anos de profissão, como o Paulo Climachauska, o Thomas Roth, meu querido amigo Dorinho (que fez a capa do livro), o saudoso Celso Piratininga, o também produtor Renato Assad, entre outros. Embora fôssemos de gerações diferentes o mundo do cinema publicitário não é tão grande assim e acabei conhecendo Itagiba que gentilmente me presenteou com o livro.

Hoje continuo trabalhando em produção, mas foquei minha carreira no mercado de entretenimento. De vez em quando ainda faço com grande prazer alguns filmes publicitários. Modéstia a parte, eu manjo bastante desse negócio.

Fico feliz em ter lido  “Segredos de Camarim” que me transportou para um tempo romântico e brilhante da publicidade Brasileira, tempo de filmes realizados em película e montados na moviola, tempo de gravatas coloridas, cigarros no acesos no set, whisky nas reuniões e criatividade sem limites. Tempos dos verdadeiros “Mad Men” tupiniquins.

*Curiosidade: O nome Mad Men, da série, refere-se aos “Homens da Madson”, avenida onde ficavam as agências em NY. Embora, é lógico, brinque com a loucura dos publicitários.

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