O último texto que publiquei ficou muito bonito, falava de minha filha e de poemas que eu escrevia e que ela escreve.
Porém escolhi um título tão ruim que quase ninguém leu. Decidi alterá-lo mas era tarde demais, o post ficou no passado.
Então reciclarei o título e vou publicar um soneto que escrevi dias antes do nascimento dela em 2006.
A Espera de Esther
Antes a vida tão certa e clara
O dia, a casa, o tudo saber
Em um dado momento o medo de ser
Depois a surpresa que se depara.
Antes o sonho, a esperança, o ideal
A confirmação, o cuidado e a fé
Em amar-se o que ainda não é
O que depois será tudo afinal.
Antes a espera, o torcer, a ansiedade
de pais e avós, de tios e amigos
O tempo, os meses, o aviso e o alarde
Um universo em ti resumido
Antes o silêncio encobrindo a cidade
Depois o teu choro rompendo o infinito
P.S. Há uma baita discussão no país sobre o papel da Cultura em tempos de crise. Eu me posiciono aqui, como besta e sonhador: A cultura e a arte podem nos salvar da crise, nos levar a outros mundos onde não há escassez de recursos, de gentileza, de entendimento e de moral. Podem ainda ajudar-nos a ver este mundo sobre outros prismas. Quem sabe assim possamos compreender o incompreensível e romper as barreiras invisíveis que nos dividem.